segunda-feira, fevereiro 21, 2005

"Soltem os prisioneiros"

Com tanta falta (ou dificuldade) de comunicação que há hoje em dia esquecemo-nos, muitas vezes, de como é bom ouvir certas palavras ou recebê-las escritas numa mensagem que nos surpreende ou mesmo (e a exigência começa a descer drasticamente) lê-las numa comunicação via msn. Juro que não percebo: hoje tudo se faz e desfaz como um nó pouco apertado mas cada vez mais se assiste ao medo de falar, à fobia, à insegurança, à fuga aos compromissos...as pessoas estão mais viradas para dentro, supostamente mais cautelosas, cuidadosas, comichosas e preguiçosas...
Tem medo de ao falar revelarem os grandes e insondáveis mistérios da humanidade...o código Da Vinci já era...agora para quê calar?
Quando é para o disparate saltam todos os sons, atropelam-se as palavras e ui que ferve. Quando toca ao mais importante...pernas para que te quero....
Parece que anda tudo com segredos a brincar ao telefone estragado, ao gato manhoso e ao rato fugidío...mas o mais rídiculo é que cada vez que começamos a abrir o jogo percebemos que anda tudo a tentar esconder o mesmo...
Impera o medo de mostrar o quão imperfeitos somos, ou achamos que somos, e o inseguros que isso nos torna sem razão! A perfeição é para os deuses e para as historinhas de encantar...custa assim tanto reconhecer quando erramos, quando amamos ou odiamos, esperamos ou desesperamos?
Os colegas não dizem com medo da concorrência ou receio de ficarmos a conhecer os seus pontos fracos (aliás ainda reina a máxima: "o segredo é a alma do negócio"), os amigos calam as asneiras e são incapazes de nos atirar à cara que os magoámos aqui ou ali, ontem ou há 3 séculos,nem sequer nos dão a hipótese de perdoar ou ser perdoados... os amantes, os namorados e apaixonados- essa raça maligna- temem mostrar a falta que sentem uns dos outros e a dimensão da paixão reprimida por isto, aquilo ou acoloutro (não vá ela esvanecer-se enquanto as palavras a banalizam)...Até os inimigos se votam ao silêncio só para não se chatearem. Será que não chega de mordaças? Qual é o grande drama? Para quê apostar no silêncio cuidadoso se isso só nos afasta dos que mais amamos? É isso que se pretende? E o pior é que esta falta de comunicação não faz ninguém feliz...anda tudo a chorar pelos cantos, a lamentar pelos telefones e a perguntar às paredes: "onde é que eu errei?o que é que eles acharão de mim"...pois é prozac e xanax é a solução de uma maioria cada vez maior...E pergunto eu: é assim tão difícil dar à língua como medicina alternativa? Não era suposto vivermos na era da comunicação?
Tirem as papas da língua, desembuchem, deêm corda à matraca...whatever makes US happier! Cá pa mim invento uma nova expressão: quanto mais falas mais gosto de ti!
E, acrescento, como dizia o outro: "Falem bem, falem mal, o que interessa é que falem"
E mais não digo que pode ser demasiado!lolo

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