sexta-feira, junho 24, 2005

New York, New York

Daqui a umas horinhas estarei a voar para Nova York...Vou finalmente poder fazer cócegas nos pés da estátua da liberdade e sentir-me uma hobbit escanzelada entre os americanos:P
Estou felizzzz...só tenho medo que me condenem à pena de morte porque vou andar o tempo todo a tentar fumar às escondidas nos sitíos (quase todos) proibidos...ouvi dizer que por lá não gostam muito de chaminés...
Na mala levo a fúria do Salman Rushdie, que não é propriamente pro-americano, mas por via das dúvidas forrei a capa para não ser expulsa do país...e se me apanharem digo que foi um iraquiano que o colocou na mala...
E vou finalmente conhecer um dos paraísos das mulheres: a China Town!:P
Estou verdadeiramente excitada com a minha viagenzita...afinal não é todos os dias que se vai ao centro do mundo sem ser a ler Júlio Verne!
Não é que eu ache que eles são bons...mas acredito que têm lá muitas coisinhas boas! Ah e também tenho esperanças, com um bafejo de bom hálito de sorte, de me cruzar com alguma das personagens do sex in the city ou um simpson abandonado...vai ser lindo!

sábado, junho 18, 2005

Insensibilidade e Bom senso

Há alturas em que a vida social é quase cómica do rídiculo que é.
Não estamos com esta pessoa para não a magoarmos, não estamos com aquela para não nos magoarmos a nós e não estamos com acoloutra para não magoar terceiros. Das duas uma:insensibilidade ou vida social?

Não acho normal...2

Na noite seguinte estava a estudar, de janelas abertas, e começo a ouvir o barulho da serra. Acho que estou a ficar paranóica mas mesmo assim espreito à janela. Os mesmos gajos, o mesmo parquímetro e a mesma serra. Desta vez são 00.30 e ainda passa mais gente na rua. Os gajos vão serrando e disfarçando, quando passa alguém muito próximo, escondem a serra e ficam parados à frente do parquímetro. Surreal...Telefono para a polícia de novo. Perguntam-me como estão vestidos. Descubro que quando estou com medo não me preocupo propriamente com o look dos outros:P. Digo:de escuro. O polícia pergunta:são de raça negra? Noto algum racismo ou é impressão minha? Não, são brancos-respondo. Fico à espera e mesmo à distância de 5 andares não me sinto muito confortável a olhar para os gajos. A polícia não aparece. Resolvo reparar na roupa e ligo de novo.
O polícia: Mas eles ainda ai estão? (Duhhhh...se não estivessem não ligava)
Agora descrevo a roupa e ele passa-me a chamada para dentro do carro patrulha. Do outro lado alguém diz:já apanhámos um!
Missão cumprida! Tirei 2 criminosos da rua pelo menos por uns minutos. A minha fé na justiça também não é assim tão grande...
Ontem à noite fui ver o parquímetro: falta-lhe um canto por onde se podem tirar todas as moedas. Tenho a impressão que voltaram para serrar o último bocadinho...mas desta vez, fui sair à noite e ninguém se deve ter preocupado em telefonar...
Eu até acredito que as pessoas fiquem contentes com o trabalho destes dois serralheiros. Afinal, agora mete-se a moeda de um lado, sai o talão e tira-se a moeda pelo outro lado...

quinta-feira, junho 16, 2005

Não acho normal...

Duas da manhã, centro da cidade. Fui tomar café a 2 ruas de distância e quando volto para casa com um amigo meu passamos por uns gajos com um serrote de metal, daqueles que deve ter uma serra de um metro, que estão a roubar os parquímetros da rua, mesmo em frente da porta do prédio abaixo do meu. Eu sei que não temos um ar assustador mas passamos-lhes ao lado, olhamos para ver donde vem o ruído, e os gajos continuam a serrar. Passam pessoas na rua, passam vários carros e os gajos continuam. Ligo para a polícia que, surpreendemente, chega 12 minutos depois (verdade seja dita que há uma esquadra na continuação da rua)...os gajos estão escondidos não sei onde, com a serra gigante e eu tive medo e não espreitei...

terça-feira, junho 14, 2005

Eugénio de Andrade partiu...

O poeta morreu...mas um poeta nunca morre, vive pela sua obra e faz-nos viver!
A minha homenagem é um poema teu, que melhores palavras se não os versos de um poema, escrito por ele, e guardado na minha alma, para homenageá-lo:
(é o meu preferido)

"É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer."

quinta-feira, junho 09, 2005

Frida Khalo

Estive a ver um documentário muito giro sobre a Frida Khalo.
Uma mulher de fortes crenças que amava o seu marido e se considerava muito fiel, aparte dos seus 27 amantes masculinos durante o casamento, e muitas mais amantes femininas...E sem contar com estes detalhes moralistas, a que só refiro mesmo pela parte cómica da coisa, acho que foi uma pintora fantástica, uma mulher cheia de garra e de uma força impressionantemente extraordinária. O mundo teria outra cor se existissem mais mulheres e artistas como ela.
No entanto, fiquei com um grande dúvida existencial ligeiramente fútil no meio disto tudo...como é que é possível uma mulher pintar 80 e tal auto-retratos e em todos eles, sem excepção, ilustrar o seu farto buço negro e as sua cabeleira de sobrancelhas colantes e absolutamente tenebrosas? Viva a auto-estima, no seu melhor!
Como eu sou naba e não consigo pôr imagens fica aqui o link para quem não conhece:
http://www.proa.org/exhibicion/mexico/salas/kahlo-10.html http://www.proa.org/exhibicion/mexico/salas/kahlo

sábado, junho 04, 2005

Coração luso

Os homens que lavam as ruas são uns românticos. Ao fim de 2 semanas apareceram finalmente. Ontem enquanto eu prolongava a minha noite de estudo por horas tardias (o que, diga-se de passagem, foi absolutamente em vão) apareceram eles, com as suas mangueiras de água gigantes. A rua ficou quase como nova e não resisti a espreitar à janela um pouco do seu trabalho. Depois de lançarem os poderosos jactos de água, esfregam com uma espécie de vassouras de metal cada merdinha da rua num verdadeiro combate contra a sujidade. Mas, quando chegaram à dita inscrição, no meio da rua, os ferozes combatentes da imundisse, olharam, e esfregaram só ao lado.
O coração lusitano é muito fraco...e lá continua, depois de 2 semanas, e até provavelmente ser consumido pela chuva ou pelo sol...porque os lavadores oficiais são uns românticos ou então foram eles que deixaram a declaração:)

quarta-feira, junho 01, 2005

O que é que queres ser quando fores grande?

Pois eu não sei se é por nunca ter sido grande que ainda tenho algumas dúvidas existenciais. Acabei de ver um bocadinho de um progranma onde estavam a perguntar a isto a algumas crianças...claro que os adultos deliram a ouvir as respostas porque as crianças são muito inocentes: a maior parte quer ser polícia, bombeiro, tratorista, veterinário...e quando crescem tudo muda vá-se lá saber por quê.
Eu já mudei muito:
-Quando tinha 5 queria ser médica por causa das influências familiares
-Quando tinha 7 queria ser ascenssorista porque cada vez que ia ao hospital ter com os meus pais ficava roidinha de inveja do sr que carregava nos botões do elevador. Uma vez, perguntei ao meu pai se o sr ganhava dinheiro por aquilo e ele disse que sim, é óbvio que tomei essa decisão importante, quando fosse grande seria a rainha dos elevadores
-Quando tinha 10 queria ser professora, afinal, eu adorava a escola....e achava que aquilo de ensinar não devia ser assim tão difícil
-Aqui pelo meio também pensei em ser lojista (e ainda hoje adoro lojas:P)
-Quando tinha 12 queria ser apresentadora de TV, especialmente, de notícias... foi ai que fui mordida pelo bichinho malévolo
-Aos 14 ou 15 decidi ir para economia, porque queria economista ou gestora
-Aos 16 comecei a duvidar desta vocação e comecei a pensar que o que eu queria mesmo era ser escritora, poeta, psicóloga, filósofa ou jornalista
-Aos 17 optei pelo jornalismo porque mesmo assim achei que era a mais razoável (e sempre satisfazia o gosto pela leitura, escrita, comunicação e podia, achava eu, ainda mudar um bocadinho do mundo)
-Aos 22 era jornalista, a profissão mais apaixonante do mundo, adoro, amo, sou louca por ela mas...
-Aos 26 comecei outro curso- achei que queria ser gestora...
-Estou com 27 e ainda não sei o que quero ser quando for grande...acho que aos 5 anos era uma miúda sábia disso tenho-me vindo a estragar, tem sido um desgaste contínuo:P
Ah mas uma coisa é positiva: pelo menos nunca quis ser bombeira, polícia nem veterinária como a maioria:P
A grande criança que há em mim hoje está em festa! Felizzzz, felizzzz, felizzzz a estudar economia! Vivam as criancinhas pequeninas mas mais as grandes que se esquecem que este dia também é para elas:P

O país do Carnaval e as trevas por trás das máscaras...ui!

Às vezes tenho a sensação estranha de viver no meio de gente estranha qie me causam sentimentos estranhos na minha estranha pessoa e estranha maneira de ver.
De gente que fala mas não diz, sente mas não acusa, insinua mas não avança, tem medo mas não pede ajuda, sofre mas finge, gosta mas não mostra. Gente com medo de ser quem é por trás da capa de leão, de fazer o que não faz, de agir quando não deve, de ir para frente, de seguir outro rumo, de mudar, de se manifestar, de amar, de surpreender, de odiar, de viver com garra, de chorar até cair e rir até não aguentar. Gente estranha que parece querer viver dos poucos tresloucados que arriscam a ser quem são...
Depois admiram-se do xanax e o prozac serem os medicamentos mais consumidos neste país onde aparentemente todos estão tão sóbrios e felizes por baixo da sua meticulosa e estudada aparência. Mesmo para as pessoas mais cuscas e apaixonadas por desencriptação de céreberos enrolados às vezes cansa!
It´s all so boring and grey when everybody is afraid of being...
Começo a achar que o shakespeare tinha razão: O mundo é um palco e somos (quase) todos actores". Venham os duplos...venha a cor, venham aqueles que fazem o que lhes dá na real gana e são felizes por isso! Soltem-se os encafuados e enclausurados nos seus cantinhos, sacudam o mofo e a mesquinhisse da traça que corroi a alma. Oh vá lá ver facilitem que é na simplicidade que está o ganho!