segunda-feira, dezembro 27, 2004

Enquanto flutuava senti que me chamavam cá de baixo e não era ninguém. Não sei porque desci à terra...estava tão bem lá longe. Agora trouxe tanta coisa cá para baixo que não serve a ninguém, que não encaixa em nada. O frio invadia-me a alma mas protegia-me.

Impasses

Passo a vida metida neles. Presa na rede do andar para a frente e recuar para trás, na redundância dos meus dilemas. Corre a vida e continuam a atormentar-me... sempre mesmos, como se os dias que não mudassem de cenário dentro da minha cabeça. Eu bem tento acalmar, relaxar, não pensar em nada...mas são tipo fantasmas doentios de esquizofrénico stressado na pressa de tudo saber e nada conseguir resolver.

Estudo? Não estudo? Faço? Não faço? Fujo? Lanço-me de cabeça? Mudo o q? Aguardo? Sou paciente? Não posso parar? Para onde? Digo? Não digo? Fico calada e espero? É isto q quero? Não quero? Por quê? Está na altura? Já passou tempo demais? Escrevo o livro? Não tenho tempo? ou terei? E a ginástica? Sp desculpas? Mas é verdade não há tempo para tudo e para nada? Ou há? E os amores? Não isso é outro assunto, ou não?Procuro emprego? Volto ao antigo? Outro, mas qual? Faço o curso? Serei capaz? Será que vou desistir? A bem? A mal? Tenho coragem? Isto é coragem ou medo? Onde está o destino? O destino existe? e etc etc etc com tantos outros pontos de interrogação...
Como dizia um professor meu: "A Inês é a menina dos porquês". Serei? E isso interessa a quem?

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Tudo se muda quando a mudança é caminho!

Há pessoas que podem adoçar o nosso caminho mas não nos fazem mudar de rumo ou seguir outra direcção. E por mais que se queira valorizar os argumentos não há palavras que cheguem, não há sensações que bastem para mudar de um trajecto seguro que já fazemos sozinhos há muito tempo e onde conhecemos o chão por outro feito de cascalho, meio a medo, onde as pedras nem sequer se unem, onde as juntas são frágeis e os mapas ainda estão à espera de mãos mágicas para serem traçados.
(Forasteiros...sempre suspeitos...how naif?)
Este pode não ser o mais curto, o mais fácil, o mais bonito mas é o que já conhecemos. E não é que sejemos avessos à mudança mas é preciso que nos transmitam comfiança para mudar, que nos persuadam, que nos mostrem e não só aliciem.
O que é estranho é não nos apercebermos logo disso no início, quando as encruzilhadas ainda estão longe e não há mais do que uma seta em frente cobarde mas verdadeira, que de facto existe.
Para que passamos a vida a falar e a pensar e a imaginar o que não existe. Na realidade os fantasmas só estão onde nós os colocamos e as encruzilhadas surgem apenas se hesitamos ao andar. Eu sempre fiz este caminho e preciso de mais para arriscar a mudar. Já mudo demasiadas coisas todos os dias nos campos onde a versatilidade é chamada. Mas há coisas "aquelas que são invisíveis aos olhos" e pilares que nos suportam onde não há espaço para o risco. Fico onde estou, já não quero avançar nem um passo mais sem segurança, apoiada nas nuvens. E desta vez levo-me a sério...porque a simpatia quando é demais enjoa!

terça-feira, dezembro 21, 2004

Gostava de te dar esse presente...:(

Hoje enquanto via o jornal da SIC, nas suas habituais reportagens de Natal, numa festa de solidariedade com meninos de instituições de solidariedade do Porto houve um momento que não me deixou indiferente. A jornalista andava a perguntar às crianças o que gostavam de receber no Natal e parou diante de uma menina de sorriso triste que devia ter cerca de 8 anos. Perguntou-lhe o que gostava de receber. E ela respondeu confiante:
- Um diário. A jornalista voltou a interpelar:
- Um diário? Para quê?
-Para escrever o que se passa nos meus dias.
-E o que é que se passa nos teus dias?
-Uns dias passam bem e outros são maus-respondeu a criança com um encolher de ombros e uma careta que deixava adivinhar algum sofrimento.
Menina se pudesse encontrar-te teria o máximo prazer em oferecer-te um diário, pudera eu satisfazer esse desejo tão simples... Mas menina um diário de uma criança da tua idade não é suposto ter dias maus. Espero que pelo menos seja um refúgio para reencontrares o sorriso que devias ter a iluminar-te o rosto.
Espero que o teu Natal seja um desses dias que passa bem, ou melhor, muito feliz e que possas descrevê-lo porque qualquer papelinho teu será um diário se o guardares com carinho e só para ti!

É justo!

Uma gaja passa mais de 20 anos a tentar ser magra. Quando consegue, chamam-lhe etíope, desrabada e outras coisas mimosas que tais! Com amigas destas quem é que precisa de inimigas?
Oh baleias do meu coração, manquem-se!

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Oh tempo volta para trás...lá lá...dá-me as coisas que eu não vivi...lá...lá...lá

Às vezes é engraçado perceber como os sitíos onde as pessoas nos encontram determinam a idade que julgam que temos...essa é uma experiência frequente na minha vida ultimamente. Hoje fui à loja do cartão ( uma coisa que vocês, católicas da velha guarda não conhecem...porque nos bons e velhos tempos o parque era gratuito) e o sr. resolveu meter conversa comigo. Aquele tipo de conversa sobre o tempo que tanto contribui para a nossa felicidade.
-Ai menina, o tempo passa tão rápido, já viu que já estamos quase nas festas?
-É verdade...-e faço um sorriso simpático.
-É que passa mesmo a correr....
-Pois para mim não tem passado assim tão rápido, com os testes (percebi mesmo que ele queria que eu acrescentasse algo...que ele aproveitou)
-Pois para si passa devagar, mas vai ver quando acabar o curso, casar e tiver filhos vai ver como o tempo passa a correr. Quando estiver quase nos 30 é um instante...eu já tenho 46 e não dei por nada.
-Pois é...talvez...Espero que ainda falte muito para lá chegar (sorrisinho idiota amarelado)- Então adeus, boa tarde! (e saio antes que ele perceba que acabar o curso já acabei mas parece que não sigo propriamente o caminho normal. Acabar o curso? Casar? Ter filhos? Porque é que as pessoas juntam logo as três coisas?)
Dá para pelo menos os desconhecidos não me fazerem sentir estranha? Não valia a pena partilhar a minha vida com aquele sr., afinal era só uma banal conversa sobre o tempo...e ele já tem 46...

domingo, dezembro 12, 2004

Roubo

Ontem fui tomar um copo a um bar no Bairro Alto. Estive sempre sentada na mesma mesa e nunca me levantei, a mala ora estava no colo ora em cima da cadeira que estava mesmo junto a mim onde estavam também os casacos de todo o grupo. Mexi no telemóvel várias vezes para mandar mensagens, para mostrar fotos, etc. Quando estavamos a sair do bar pus a mão à mala para ver se havia mensagens e de repente percebi que já não o tinha. Vi todos os centímetros de chão do bar e não o encontrei, liguei na esperança de o ter perdido e alguém sem maldade o ter encontrado...nada! Foi mesmo roubo, mesmo diante dos meus olhos e de todas as pessoas sentadas à mesa porque estava na cabeceira e todos estavam virados para o meu lado. É tão estranho... Como é que é possível que o ladrão tenha metido a mão tão depressa e tenha conseguido tirá-lo logo se qualquer mulher demora horas a encontrar o tlm na mala quando toca? Estou tão lixada...o tlm faz-me falta, todos os contactos de amigos que se perdem...as mensagens que não desgravamos porque adoramos rever, as fotos que fazem tanto sentido... :(
Agora só os amigos de há bastante tempo (da geração antes do tlm, ou pelo menos quando não abusávamos tanto dele) sabem como contactar-me... para o telefone de casa se ainda se lembrarem ou tiverem na agenda.:(

sábado, dezembro 11, 2004

Oh God!

Como é que é possível que a pessoa que tem menos noções de estética do meu grupo, da minha turma e talvez do meu ano se ofereça sempre para fazer as capas dos trabalhos de grupo? São uma visão do Inferno, espero que a professora não avalie a parte estética...a sério ela quer meter tudo na capa e cada linha que escreve vai aumentando o tamanho da letra. Começa mais ao menos na letra 12 e acaba na 60... a primeira folha dos trabalhos parece sempre aqueles quadros que existem nos oftalmologistas que vão aumentando o tamanho das letras para os ceguetas conseguirem ler. São o inverso de qualquer tipo de bom-gosto...God!
Bolas! E eu não tenho lata para dizer nada porque acho que é uma piroseira tal que até parece que está a gozar com a nossa cara...ela é tão simpática e inteligente...mas deve-lhe faltar algum neurónio mais virado para as artes, para a decoração...whatever...

A montanha-russa

Ontem alguém me confessou que a sua vida estava tão boa agora que tinha medo de acordar no dia de amanhã e as coisas mudarem, porque só podiam piorar. Fiquei com uma inveja saudável de não poder dizer o mesmo. Mas fez-me pensar que às vezes, em cada duas voltas completas ao mostrador do relógio, tudo se altera. Num momento estamos insuportáveis de felicidade e apetece-nos rir, por tudo e por nada, e no outro dia um rasgo súbito de stresse e angústia vem ao de cima e estraga tudo. Desaparece o arco-íris e chove sem fazer sol. Damos cambalhotas de 360 graus e vira noite cerrada ou nasce aquele que é para todos-o sol. (Salvé Aleluia Salvé:P)
Basta um telefonema, um café, uma má nota, um dia de estudo sem resultados...
De eufóricos de alegria passa-se a destroçados em lágrimas e enevoados em tristezas profundas. No entanto, é essa a graça da vida, apesar de nos fazer sofrer com a incerteza do amanhã, ensina-nos que tudo se transforma num estalar de dedos...e quando menos se esperara cai um raio de tempestade que, das duas uma: ou traz a bonança ou o mau tempo. Tudo está em aberto em cada alvorada como um jogo sem regras... São os zigue-zagues, em curvas e contra-curvas que nos fazem cair e levantar.
O pior é quando estamos mal e o carrocel parece parado à espera de indicações!

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Gato borralheiro e a abóbora

Era uma vez...um gato borralheiro muito trabalhador... vivia para trabalhar demais, dia e noite, do sol nascer ao pôr do sol, os livros eram os seus melhores companheiros. Ao contrário da gata borralheira ele não era mal-tratado por todos, apenas queria ser príncipe e acreditava que essa era a maneira mais mais correcta de lá chegar. Não cedia a tentações e levava a vida regrada de um recluso por livre vontade mas feliz na sua paz própria. Um dia conheceu, inesperadamente, uma abóbora falante que viria a mudar a sua vida, pelo menos um pedacinho muito pequenino dela.
Achou-lhe piada, nunca tinha conhecido uma abóbora daquelas, era diferente das outras, talvez quase divertida, interessante, quem sabe até remotamente atraente. Olhava-a sempre de soslaio, com uma dose de desconfiança típica da espécie, afinal um gato que se preze nunca se deixa prender...
Nunca percebeu bem o que sentia por aquele ser laranjita mas de facto, os momentos em que ficavam sozinhos e conversavam até se perderem alegravam-no de uma forma estranha e davam-lhe umas tonalidades menos cinzentas. Desabafou com ela-um pouco só, porque neste reino tudo tem ouvidos e é bem conhecida a feroz competição animal- e tornaram-se amigos contra todas as expectativas longínquas do gato sem botas. Pelo menos era o que a abóbora pensava...Passavam horas na amena cavaqueira, mas talvez fosse apenas amena...
O gato borralheiro explicava-lhe as coisas do seu mundo e a abóbora partilhava com ele umas pevides que o faziam rir. Até que um dia a abóbora começou a sentir que aqueles momentos eram os melhores do seu dia e que as suas pevides batiam mais forte quando estavam ao pé do gatinho...atordoada e tonta pelos sentimentos a pequena abóbora revelou-se um pouco mais, chegou-se mais perto e deu-lhe um beijo terno. Na verdade as abóboras não são muito conhecidas pela sua inteligência e capacidade de discernimento.
O gato hesitou, sentiu-se enebriado... ficou sem palavras, não sabia o que havia de fazer, era tudo tão novo...até estava a gostar da sensação mas era estranho estar envolvido com uma abóbora, sabia que esse caminho lhe poderia atrapalhar em muito a sua vida organizada e completa onde uma abóbora a mais poderia ocupar muito espaço...Aquilo de certeza que não vinha nos livros dos grandes príncipes.
Pensou. Nesse dia fechou as janelas da sua casa e tratou das lides com uma lágriminha no olho...depois de esfregar os bigodes ansiosamente durante 2 ou 3 dias seguidos decidiu ter uma conversa séria com a abóbora. Vestiu-se de Maquiavel e lá foi ele com o seu terrível sorriso dengoso.
Disse-lhe com um ar complacente que ela era gorda demais para caber na sua vida. Que tinha muita pena de que as suas pevides batessem mais forte quando estava ao pé dele mas que se tinha fartado de ponderar com os seus bigodes e tinha chegado à conclusão que havia coisas mais importantes do que namoriscar abóboras...pediu muitas desculpas e saiu como os gatos...de fininho...perigosos...que deixam o rabinho de fora da porta a indiciar algo... e continuam a olhar com o olhar traiçoeiro e sedutor que só os gatos têm.
A abóbora disfarçou e chorou para dentro da sua casca. Afinal estava enganada. Tinha pensado que aqueles momentos eram tão especiais para os dois mas devia ser tudo fruto da sua imaginação aboboral... hoje tenta não aparecer tanto naquela janela com vista para o borralheiro. Tenta medir o seu sorriso para não ficar tão haloween como dantes, mas as luzes continuam a acender-se com os olhos traiçoeiros do gato.
O gato, esse, mantém-se ocupado e tenta não se distrair. Às vezes no silêncio da noite diz para si "Abóboras há muitas seu palerma", se esta partir outras virão quando tiver mais tempo e for príncipe!
As amigas da abóbora consolam-na dizendo "os gatos são todos iguais, já devias saber... ele é que é parvo, não ligues"..."Há-de haver gatos com muito mais botas por aí e que te merecem muito mais" . Mas a abórora às vezes fica cabisbaixa...aquele borralheiro deu-lhe a volta às pevides e ainda mexe com as suas sopas.
O final não é feliz porque não há histórias de encantar entre gatos borralheiros e abóboras...já deviam saber...
The end

PS- Depois desta história nasceu aquela música "atirei o pau ao gato, to to...mas o gato, to, to não morreu". A d. Chica e a Pulga são das melhores amigas da Abóbora.

terça-feira, dezembro 07, 2004

Cúmplices- Mafalda Veiga

Um trecho de pensamento do dia reflectido numa música viciante e relaxante nesta constante caminhada pelo deserto "onde nada parece bater certo" e há tão poucos oásis. Talvez para ti...ou para mim!

"Fica tão fácil entregar
a alma
a quem nos traga um sopro do deserto
olhar onde a distância nunca acalma
esperando o que vier de peito aberto

se eu fosse
a tua pele
se tu fosses o meu caminho
se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho"....:(

Prognósticos, prognósticos só no fim do jogo!



domingo, dezembro 05, 2004

À Diós le pido...

À minha frente mais um monte de folhas quadriculadas se empilham sem sentido. Faço, risco, rabisco e procuro respostas emaranhadas em dúvidas que se acumulam em cada quadrado. Falha-me a calma, começo outra vez a sentir o pânico de quem se esforça e não consegue. Era tão importante conseguir desta vez...preciso de esperança! Acertar agora era o empurrãozito que precisava para aguentar mais umas derrocadas!
Como diz o meu sobrinho "medo" (ele não diz mesmo a frase toda mas chega para entender). Depois enrosca-se nos braços mais próximos, o medo passa e volta a ter aquele sorriso delicioso. Eu não sei onde estão os braços que me acalmam e me protegem nestas alturas.
Tento combatê-lo com estudo mas parece que não chega, talvez o Miguel Maria seja mais inteligente... :P

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Egoísticamente triste

Estou cansada, triste, angustiada, não sei o que fazer, apetece-me esquecer de tudo e fingir que nada disto existe. Tenho raiva, medo, sinto-me absolutamente perdida sem saber o que fazer à minha vida. Sei que é injusto dizê-lo mas sinto-me incompreendida, magoada, só neste caminho! Estou tão frágil que não sei se tombo ao cair da próxima lágrima...precisva de tudo neste momento e não há ninguém que o entenda agora!