quarta-feira, janeiro 31, 2007

Bigada:)

Àquele senhor que me ajudou muito a modificar este blog e a acrescentar todas as 'paneleirices' que eu andava a invejar (no bom sentido, claro) nos outros...eu agradeço muito. E como prova do meu apreço, e porque ele já me chateou 300 vezes por só falar das suas unhas, falo dos olhos. São verdes cor do limão e 'xiros'! (Mas não são do verde do meu blog, que ele subtilmente me disse que era horroroso)
E qualquer dia, se ele me ajudar muito, descrevo-o todo:P . Claro que, vindo de mim, nunca se sabe se isso é bom ou é mau :P

terça-feira, janeiro 30, 2007

O inquérito...

Respondi a um anúncio de emprego e como resposta à minha candidatura pediram-me para preencher este inquérito...Apetece perguntar: é suposto mentir, passar por atrofiada ou parecer a candidata perfeita?
Não posso dizer que o meu armário está mesmo a precisar de uma mãozinha de Lé, que gosto de dormir ao sábado de manhã e que ia ao cinema, em vez de, ir a uma exposição chata?

1. Abre a porta do seu roupeiro...
a. É esmagada pela roupa que sai lá de dentro
b. Estão mais coisas espalhadas cá fora do que dentro
c. Está tudo ordenado por cores e tamanhos
2. Abre a porta do seu roupeiro...
a. Predomina a cor preta
b. Predominam os tons pastéis
c. Predominam as cores vivas
3. A sua mesa de trabalho...
a. Está impecavelmente arrumada
b. Parece desordenada, mas sabe onde está tudo
c. Ninguém se entende
4. A meio de um dia de muita actividade pedem-lhe para dar
a notícia que o namorado da sua melhor amiga teve um
acidente de pouca gravidade:
a. Pega no telefone e liga imediatamente
b. Respira fundo, pensa duas vezes e liga
c. Espera por uma hora mais calma para ligar
5. No Sábado deitou-se cedo, no Domingo...
a. Levanta-se cedo e vai “apanhar ar”
b. Fica na cama até ao meio-dia
c. Aproveita e faz tarefas que tem atrasadas

6. Saíram-lhe 200.000 euros no Totoloto...
a. Compra a casa dos seus sonhos e ainda pede
um empréstimo
b. Inicia um negócio próprio e o que sobra põe a prazo
c. Põe a render e espera uma ocasião para decidir
o que fazer
7. Tem que decidir esta semana entre 3 propostas de emprego.
Qual escolhe:
a. Horário normal fixo, contrato efectivo, salário abaixo
das suas expectativas e necessidades
b. Horário livre, contrato a prazo, possibilidade de
rendimentos superiores às suas expectativas
c. Sem salário fixo, trabalho à comissão, possibilidade
de altos rendimentos e participação futura
na sociedade
8. Esqueceu-se de dar um recado e por isso uma acção foi
prejudicada ao ponto do negócio não se efectuar, mas tudo
aponta para que seja outro que teve a responsabilidade:
a. Assume e pede desculpas
b. Espera que nada se descubra e que ninguém seja
culpado
c. Deixa que outra pessoa seja responsabilizada por si
9. De repente tem uma tarde livre:
a. Mete-se no cinema embora tenha ido a semana
passada
b. Vai a um museu ou exposições de arte que já não
Vai há muito tempo
c. Visita a tia velhota que está adoentada
10. Não estava a contar, mas à última da hora tem que ir
jantar com clientes de que espera resultados importantes:
a. Vai a correr a casa mudar de roupa e perfumar-se
b. Dá uma desculpa e não vai
c. Vai vestida como esteve todo o dia de trabalho
11. Se fosse muito rica e não precisasse de trabalhar para
Viver:
a. Trabalhava na mesma
b. Gozava a vida sem preocupações
c. Dedicava-se seriamente a actividades de voluntariado
12. Faltam 30 minutos para a reunião e demora 20 minutos
a chegar lá:
a. Prefere não almoçar e chega 10 minutos antes
b. Almoça em 15 minutos e chega 5 minutos atrasada
c. Avisa que vai chegar atrasada e almoça calmamente

Sou sim!

- Sou sim, porque acho que o aborto vai continuar a existir sendo sim ou não. Porque as mulheres que não têm condições económicas vão continuar a morrer no vão de escada ou a ficarem estropiadas para a vida. E, as mais ricas, na maioria dos casos, vão continuar a sentir-se criminosas mesmo fazendo-o numa clínica de pediatria ou obstetrícia prestigiada em Portugal ou em Espanha.
- Sou sim, porque sou a favor da vida, mas também da dignidade humana e da liberdade de escolha.
- Sou sim, porque não quero que as mães abortem com medo do que os outros vão dizer, às escondidas, sem informação e cheias de medo de se aconselharem ou falarem com quem quer que seja. O não, na maioria dos casos, não permite decisões ponderadas, apenas desesperadas.
- Sou sim, porque acho que um filho deve ser o fruto do amor de duas pessoas ou de uma, pelo menos.
- Sou sim, porque não há educação sexual nas escolas, nem planeamento familiar que chegue a toda a população portuguesa.
- Sou sim, porque o sexo ainda é um tabu e centenas de pais, amigos e familiares se recusam a falar dele nos moldes correctos e admitir que ele existe e que tem consequências.
- Sou sim, porque defendo a igualdade social.
- Sou sim, porque o não, não muda nada. Não mudou em 1998 e não sou utópica para acreditar que mudará agora.
- Sou sim, porque me irrita a demagogia e a hipocrisia das pessoas neste assunto.
- Sou sim, porque o não só diz às mulheres que são umas criminosas enquanto fecha os olhos à realidade e as remete para a clandestinidade.
- Sou sim, porque o sim não obriga quem não quer fazer mas evita assistirmos a muitas mulheres esvaídas em sangue e com medo de irem a um hospital.
- Sou sim, porque já se provou que a lei que temos actualmente nesta matéria não funciona.
- Sou sim, porque prefiro que as mulheres abortem, em vez de, deitarem os filhos pelos canos abaixo, os abandonem em lixeiras, violem, queimem com pontas de cigarro ou maltratem até à morte como temos assistido.
- Sou sim, porque prefiro o aborto à pedofilia impune cometida por tantos membros do governo e por centenas de ciadadãos (E que, na maior parte dos casos, toda a gente sabe e fecha os olhos).
- Sou sim, porque já conheci pessoas que o fizeram e nunca consegui olhá-las como criminosas.
- Sou sim, porque o que está liberalizado actualmente é o sim clandestino.
- Sou sim, porque se fosse não, teria que me sentir culpada pela permissão que já existe na lei de abortar em casos de deficiência ou violação. Porque esses fetos também são seres humanos e também têm direito à vida.
- Sou sim, porque se não, defenderia que as mulheres que fazem abortos, de facto, fossem para a cadeia, caso contrário, seria hipócrita.
- Sou sim, porque quem não quer ter mesmo uma criança e, não conhece ou não tem ao seu dispor outros meios, é capaz de cometer as maiores barbaridades contra o seu próprio corpo (como ingerir doses industriais de certos medicamentos ou auto-mutilar-se das formas mais atrozes) até provocar um aborto 'espontâneo'. E isso, também não me parece justo ou humano.
- Sou sim, porque não acredito que a gravidez seja assunto para ser determinado num código penal.
- Sou sim, porque acho que a maioria das mulheres que o fazem, fazem-no por faltas de condições que não acredito que o estado português alguma vez consiga garantir. Muitas outras, fazem-no porque não querem simplesmente ter filhos e, ser mãe, na minha opinião deve ser uma bênção, uma vontade, um desejo mas nunca, uma obrigação.
- Sou sim, porque não há meios contraceptivos (temporários) infalíveis.
- Sou sim, porque sou católica e acredito na justiça, no perdão e no verdadeiro amor cristão.
- Sou sim, porque não conheço ninguém, que não conheça alguém que já o fez. Acredito que, se de facto existissem estatísticas fidedignas, chegar-se-ia à conclusão de que, pelo menos, uma em cada dez mulheres portuguesas já abortou.
- Sou sim, porque nunca fui capaz de acreditar em promessas políticas de sucessivos governos desde que me lembro de ter consciência política.
- Sou sim, porque idealmente preferia ser não, face a condições ideais, que não existem nas sociedades actuais.
- Sou sim, porque se fosse não, faria sexo desprotegido e conceberia todos os frutos dessas relações. Porque considero que quem defende a vida deve opor-se contra esses desperdícios de vida que se acumulam num preservativo usado com prazer.
- E sou sim, por muitas mais razões certamente…
Mas, na realidade, não me oponho a alguém que acredite num não convicto, sincero, de alma e coração. Caso contrário, tenho pena!

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Agora, que cada vez que rio, me agarro à boca com dores, apercebo-me da quantidade de vezes que o faço ao longo do dia. E são tantas, que chego à conclusão que só posso ser uma miúda feliz :) mesmo no meio de algumas complicações…

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Raios partam as anorécticas!

O governo espanhol decidiu uniformizar os tamanhos da roupa das suas marcas e vai retirar os números mais pequenos, tipo 34. Esta gente é muito estúpida. Será que ninguém é capaz de perceber que vestir o 32 ou 34 só é grave se a pessoa medir 1,80 e pesar tipo 50 quilos. É que por causa das anorécticas ficam as baixinhas obrigadas a serem gordas! (E roliças...amo esta palvrita tão bimbinha)
Até os manequins das lojas - aqueles branquelas e esguios – que servem de mostradores vão ter que passar a usar o número 38. Ridículo!
Para aqueles que não perceberam porque é que as medidas no reino de nuestros hermanos me preocupam tanto, eu explico: 95% ou mais das marcas de roupa que se veste em Portugal e da selva que habita o meu armário é espanhola!

O mundo ao contrário

"A obesidade no mundo já mata mais que a fome e a sida" (Jornal da 1)
Como é que é possível que uns comam até morrer e outros morram por não comer? Vista assim, a obesidade deveria ser considerada crime contra a humanidade!

terça-feira, janeiro 23, 2007

Um momento Kodak

Quando, quase aos 30, um homem se vira para nós e pergunta
- As minhas unhas estão bem cortadas? - Isso, não é AXE…
Depois de uma breve pausa para a incredibilidade que a situação desperta...
- É que eu sempre roí durante muito tempo…- 30 anos, portanto.
E depois ainda nos querem fazer acreditar que querem mulheres em vez de mães!

terça-feira, janeiro 16, 2007

À procura....

Procurar emprego é uma tarefa ingrata. A área não ajuda e há poucos anúncios. Até porque a maior parte das pessoas nesta área não entram por resposta a anúncios. Respondo a todos mas até tenho medo que me chamem de alguns. Mando candidaturas espontâneas desanimadas. Já não é a primeira e, com toda a certeza, não será a última vez que fico sem emprego. Procuro mais, sei que sempre encontrei (embora não fossem os que ambicionava, muitas vezes) e desta vez não será diferente. Mas esta espera cansa e desorienta.

domingo, janeiro 14, 2007

Fim-de-semana no Spa

Não foi bem um fim-de-semana mas quase que ia sendo... nem sequer chegaram bem a ser 24 horinhas mas foi giro, calminho e em boa companhia.
Chegámos, fomos a almoçar ao belo do restaurante "Os Jorges" mesmo com a Sportv na trombinha. As entradas vieram ao mesmo tempo que o prato principal, uma modernice sesimbrense, que obrigou duas apressadas a engolirem descaradamente os caroços das azeitonas. Mas o peixinho, que o outro Jorge deve ter ido pescar na hora, pelo menos pelo tempo que levou a chegar à mesa era bem possível, estava bom. A banda sonora era ranhoca...aquela que me questiono seriamente porque terá que sair ruidosamente pelo nariz, em vez de, como os outros dejectos do nosso corpo sair em privado sem ninguém ter que assistir à sinfonia....mas isso são questões que a Cláudia prefere ignorar. A dúvida mais premente do nosso quase fim-de-semana foi mesmo tentar descobrir se o Freddie Mercury era feliz! (A Cláudia acha que ele tinha as suas angústias como qualquer homem normal que não era, a Rita diz que ele era bígamo, o que ainda não percebi se para ela era ou não sinal de felicidade…mas isso é uma questão que deixo aos leitores para debate).
A melhor coisa do Hotel era mesmo a vista soberba sobre a praia. Lá por dentro havia uns certos papéis de parede muito marítimos com búzios, conchas e afins que eram bem dispensáveis, especialmente, num hotel com um ano de existência.
As massagens que fiz foram rejubilantes mas afinal o SPA era mesmo um SPAzinho, a piscina era pequenina e fria e em duas braçadas chegávamos ao outro lado. Claro que, como boa atleta que sou fiz praí, sem exagero, umas 10 piscinas. E depois confortei o meu esforço num belo de um duche suíço, com direito a massagem mecânica de vários chuveiros deliciosamente apontados à sereia. O que não foi tão agradável foi ir à procura das minhas amigas desaparecidas e dar de caras com o Adão em pelota na sauna. No banho turco tive um encontro com um casalinho simpático que queria à força meter conversa mas que se queixava da temperatura estar apenas a 41º….o que para mim, que não sou esquisita, já era quentinho quanto baste.
Depois das dúvidas existências da Loira que mesmo com 29 anos não sabe bem se é suposto rubricar o seu nome ou outro qualquer, passámos ao jantar. Foi animado. O empregado de mesa estava divertidíssimo, ainda não percebemos muito bem porquê. Chamava-se Hugo e alcunhou-nos de gulosas (um adjectivo muito próprio da mais fina escola de Hotelaria) tinha alguns problemas de memória mas a ritolas sempre pronta a ajudar facilitou-lhe a vida enquanto seguia atentamente o gajo do pull-over cor-de-rosa que era giro à noite mas manhoso de dia. Houve um certo pelo branco que incomodou a Miranda mas era de estimação... O serão foi de tarot e de revelações únicas…ui…enquanto que a Loira insistia em explicar à ritolas que era esse grande português, Hélio Pestana.
O pequeno-almoço de Domingo foi farto e logo depois partimos à aventura rumo ao desconhecido. Quis o destino que fossemos até ao Portinho da Arrábida e chegássemos vivas porque ali a meio do caminho comecei a ver a questão mal parada. É que, devido às vertigens a nossa condutora estávamos quase a circular na faixa dos automóveis que incompreensivelmente vinham de frente. Fizemos uma substituição, a mossa vida ficou mais segura mas o mesmo não se pode dizer quanto às dos ciclistas que por ali abundavam. Felizmente a segunda dinâmica condutora quase assassina de ciclistas não conseguiu acertar em nenhum mas houve um sério candidato, que esteve por um triz. Mas claro, por que raio é que ao Domingo há tanto ciclista suicida no Parque da Arrábida? A miranda ficou ligeiramente enjoada mas diz que era das curvas...importante, importante é que ficámos a saber que entre nós há uma agenda de aniversários ambulante que sabe de cor todas as datas de aniversário das amigas/os, respectivos pais, sobrinhos, namorados e ex-namorados, primos afastados e mais alguns.
O almoço em Azeitão foi tranquilo mas restou uma dúvida. Por que é que o raio dos pratos portugueses tem todos uma porra de um marisco para dizer que são chiques. Ele é carne de porco com amêijoas, sopa à pescador com ostras e camarões, entrada de tostinha, queijinho e camarão, massada de cherne com camarão, pizza com camarão, cocktail (que lá está) só pode ser de camarão…. O raio dos bichos vêem-me sempre parar ao prato (e para incompreensão dos demais) não gosto! (Afinal não só as alérgicas e as lésbicas que não gostam):P

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Buzz

Quem pode, pode e quem não pode, mesmo assim, sai viciado. É incrível como mesmo quando somos nabos numa coisa podemos ficar ansiosos por participar com o nosso contributo fraquinho, que só ele. E estar ali num último lugar (a quilómetros do pódio) a vibrar de alegria e ansiedade por saber aquele resultado magnifico que até antes de começar já garantiamos. Mas claro, a culpa é só dos reflexos, que sabedoria não faltava para pôr em prática, não fosse a traição dos 4 costados alentejanos que há em mim. Alguém sabe onde se podem ter aulas de rapidez nos dedos? Eu sei que com a prática e alguma memória destes serões animados vou conseguir dominar. Sim, porque há quem já leve muitos meses de avanços nestas andanças…essas, que ganham consecutivamente sem piedade! :P
Mas giro, giro foi quando todos se despediram e sem fazer cerimónia nenhuma nos oferecemos para ficar a abusar da boa vontade da Jordan do Céu muito depois da conta. E mais, alguém lhe propor que se fosse deitar à vontade que os convidados fuçangas ficavam na sala a praticar…
Muito obrigada amiga, a nossa vida nunca mais vai ser a mesma depois do Buzz.
P.S. - E já agora, sem querer parecer a abusada que tenho sido, estava aqui a pensar quando é que vais comprar mais comandos? ;)

A bem-dizer...

"Não há temas frívolos mas sim abordagens frívolas dos temas"

"Na sedução o importante é crer para ver, em vez de, ver para crer"

"A maioria das pessoas pensa que para interessar ao outro é preciso ser interessante, no entanto, o principal é mostrar interesse pelo outro para que ele se sinta bem ao nosso lado"

Ui ka bom!

Quando um pai nos sugere uma inscrição num ginásio, uma mãe não consegue encontrar uma fotografia nossa gira e os empregadores se esquecem de olhar para o nosso currículo das duas uma: ou estamos a atravessar uma fase especialmente agreste na nossa imagem ou claro, a culpa é deles (é sempre mais fácil!). Por via das dúvidas, um fim-de-semana de SPAzinho vai saber bem para aconchegar o ego e temperar o espírito. Depois disso, ah sim, ninguém me apanha!

quinta-feira, janeiro 11, 2007

O que quero ser quando for grande

Respondendo ao desafio da Ritabatatafrita...aqui vai...
Quando eu era pequenina (sim porque agora o meu 1,58cm já me dá outro estatuto completamente diferente) a primeira coisa que quis ser (nada original) era médica...isto devia ter para ai uns 5 anos (e considero que foi o momento mais inteligente na minha ponderação de carreira profissional... (devia ter começado logo a estudar para as específicas nessa altura). Quis o destino que a minha inteligência começasse a decrescer logo nesse momento brilhante da minha infância. Por isso, passado pouco tempo o meu sonho tinha mudado radicalmente. Descobri o emprego de sonho por volta dos 8 anos de idade aquando uma visita ao hospital onde os meus pais trabalhavam. Numa viagem até ao segundo andar da dita instituição os meus pais levaram-me de elevador e eu tive uma súbita iluminação (quase divina) ao contemplar o ascensorista. Apressei-me a perguntar ao meu pai se aquele senhor ganhava dinheiro para passar o dia a carregar nos botões do elevador, ao que o meu respondeu que sim e, no meu rosto nasceu de imediato um sorriso triunfal. Tinha descoberto finalmente o que queria ser quando fosse grande. Claro que, qualquer criança a quem digam que uma pessoa pode ganhar a vida carregando nos botões de um elevador fica deslumbrada. Então, durante uns tempos, quis ser ascensorista (pena que em adulta tenha descoberto que reformaram o senhor porque os funcionários, ao que parece, acumularam a função de carregar nos botões, mesmo sem serem aumentados por isso). E ainda dizem que a especialização é que está a dar e que a função pública trabalha pouco.(Que injustiça!)
Mais tarde, por volta dos 12 quis ser locutora. Claro, como adorava ler e conversar e via aquelas senhoras na televisão cuja única função era essa…estava feito, era a escolha certeira (acho que nunca fui muito perspicaz). Mas como também era um bocado nurdezinha desta vida e gostava muito de ir à escola passei ali uma fase de indecisão quanto a ser professora (e essa panca ainda a mantenho, estranhamente. Adorava ensinar embora não me consiga imagiinar uma turma de selvagens…só não sei o quê dada a má escolha de curso quando cheguei aos 17).Um ponto importante é que nunca torturei ninguém como a minha amiga sinha adorinha...
Depois entrei no liceu e, no nono ano, a minha escolha foi economia (mais uma escolha inteligente desperdiçada), uma vez que, rapidamente devo ter batido com a cabeça em algum lugar estranho (ou alguém me rogou uma praga daquelas…) e comecei a delirar. Como tinha uma paixão platónica pelo meu professor de filosofia (um coxo, motoqueiro, hippie louco, barbudo e com uma pitada de Clube dos Poetas Mortos...que também me adorava...até me pôs a escrever no jornal e a declamar poesia) comecei a falar em ingressar em filosofia, psicologia e afins. Os meus pais ainda tentaram chamar-me à sanidade mental mas, nessa altura, é complicado. Para seu desespero, ainda lhes disse também que queria ser actriz de teatro porque estava no grupo de teatro da escola e adorava representar…também queria ser poeta e escritora e passava horas a achar que escrevia grandes romances e poemas que ficariam para a história, fechada no meu quarto a ouvir músicas que pautaram a minha adolescência como Creep…que reflectia quase na perfeição essa insatisfação desgraçada ou melodramática que achava que era a minha vida em dias inspirados…
Como estava farta de morar na terrinha e o meu irmão já tinha ido para a universidade, no 11º ano decidi começar a pensar em vir mais cedo para Lisboa para fazer o ano zero na Católica. Já tinha feito alguns testes psicotécnicos que diziam que eu tinha jeito para quase tudo mas que realçavam sempre a parte de humanidades e de decoração de interiores (esta última nunca percebi, dada a minha incapacidade quase total de visualizar qualquer coisa que seja no espaço sem ela lá estar). Mas como queríamos ter a certeza fui a um grande psicólogo, muito conceituado (amigo dos meus pais mas que devem ter quase passado a detestá-lo depois) que confirmou o meu enorme talento para a minha última paranóia – ser jornalista. O psicólogo basicamente disse que eu, sem dúvida alguma, deveria seguir o ramo de jornalismo, relações públicas ou ensino. Os meus pais antes de se tentarem suicidar ainda tentaram amenizar a coisa dizendo que eu podia fazer economia (como estava programado) e depois ser jornalista. Disseram-me que havia muitos jornalistas que vinham doutras áreas, que tiravam primeiro um curso base (ou seja, de jeito) e depois escreviam para os jornais. Ou seja, mantinham sempre mais umas portas abertas relativamente à carreira. Mas quem é o adolescente inteligente que ouve os pais nesta altura? Eu não fui de certeza. Fiz jornalismo. Mas ainda hoje, aos 28, não me parece que saiba o que quero ser quando for grande. Talvez empresária ou 'acunhada' mas ainda estou a tentar escolher um ramo que eu consiga dominar e ter de facto prazer com isso. Esta função de desempregada é que não está a dar com nada…não sei, dá muito trabalho…:P