quarta-feira, julho 28, 2004

Adeus

Adeus miúda! Que as palavras que não disse sejam ouvidas entrelinhas.
Nunca tive jeito para despedidas...
Não te esqueças da música do karaoke! (foste apanhada a chorar com aquela piroseira...lolo...mas foi um bonito momento ou "prenda"..."odeio prenda")
Espero que desta vez não andes a deixar cromos a nenhuma porta!
Hasta pronto e hasta siempre en mi corazón! (mais um momento bonito, olha a lagriminha...)





Conversas da treta

Duas gajas
-Achas que ele gosta de mim?
-Não sei miga, o que é que tu achas?
-Por um lado acho que sim,  por outro não sei.
-E que tal se lhe perguntasses?
-Ai, não sei, tenho vergonha...
-Oh amiga vocês parecem dois putos! Pergunta-lhe directamente. Convida-o para um café e tenta perceber o que ele sente. Mas olha também não digas logo que gostas dele.
-Mas eu gosto....
-Oh amiga mas não podes abrir assim tanto o jogo, não é?
-Opá mas eu não tenho jeito para essas coisas...tu sabes...sou tímida...
-Olha se não perguntares nunca saberás. Começas por puxar a conversa das namoradas e depois perguntas. É tão simples quanto isso.
-Eu sei...mas tu sabes que sou complicada.
-Ele já te contou alguma coisa das ex-namoradas dele?
-Nunca perguntei directamente mas acho que tem cara de ser um gajo de relações sérias.
-Porque é que achas isso?
-Não sei, ele também é tímido.
-Isso não quer dizer nada, sabes bem...
-Opá isso acho que tenho a certeza. Parece um gajo certinho...
-Olha que eles enganam...
-Não, não me parece. Este não engana.
-Olha que...lembras-te do caso da não-sei-quantas e do não-sei-quantos. Ele também parecia muito atrofiadinho e depois viste o que aconteceu. Tens a certeza que ele gosta de ti?
-Não sei, às vezes parece, quando liga...está sempre a telefonar...ele é tão querido e giro, não achas? Achas que nós ficavamos bem? Era tão bom...mas olha eu também não sei se ele sabe que eu gosto dele. Achas que se nota?
-Não sei, também estás sempre a dar para trás...só se tiver poderes para adivinhar! Porque é que o tratas tão mal?
-Não trato...mas parece não é? Mas às vezes até dou a entender que sinto algo...ele também se quisesse já tinha feito alguma coisa...também não se mexe...se calhar também não sabe o que quer...
-Olha se calhar anda só a aproveitar-se de ti!
-Acho que não, não é nada o estilo dele...
-Então o que é que anda a fazer?
-Isso gostava eu de perceber!
-Então pergunta.
-Não tenho coragem.
-Olha então deixa andar, se calhar também não é homem para ti. Caga nele, eles são todos os cabr...ou então não sabem o que querem.
-Olha caguei, está decidido.
- Não te preocupes, nunca ouviste dizer "O que é para ti às tuas mãos virá parar"... tem calma!
-Pois, talvez...mas eu até lhe achava piada...

Dois gajos
-Epá achas que a gaja quer alguma cena?
-Claro que sim, tens dúvidas?
-Epá não sei.
-Tá caidinha, não sejas coninhas vai lá. Também olha se ela não quiser há outras. Ela também nem é nada de especial.
-Podes crer. Se  não quiser ela é que fica a perder. Tá feito!


terça-feira, julho 27, 2004

Amanhã

Amanhã visto o fato e saio à rua a imitar uma senhora. Deixo em casa as calças de ganga e pareço outra...Ponho a capa de confiança e escondo por baixo da calça e casaco os nervos em franja.
Parece que voltei à universidade, aos minutos antes de entrar para uma frequência, sinto-me invadida pelo pânico. Mas amanhã tento ser grande e pensar como uma adulta. Mato a criança nervosa que me faz tremer as pernas e encaro a realidade-imagino o teatro.
 
Tento lembrar-me que a empatia de quem nos vê pela primeira vez é fundamental e recordo-me, sem querer, de que a maior parte das pessoas que gostam de mim hoje antipatizaram à primeira vista... passado. Amanhã é futuro. Amanhã quero acordar extrovertida. Já fiz mil entrevistas mas em 900 e muitas fui eu que entrevistei. Amanhã os papeis invertem-se e o meu destino pode mudar.Será que quero que mude?

O puto da minha vida

É pequenino, gordo, rechonchudo e tem umas bochechas que dão ao sorriso um toque absolutamente fantástico. É lindo de morrer e irresistivelmente querido e meu.
Chego a casa, está sentado no meio dos avós a ver um livro e na sua fala tosca tenta explicar à avó os nomes dos animais que aprendeu na creche. É um quadro de ternura. Olha para a porta. Vê que estou a chegar. Sorri e fica a olhar, pensa meio segundo. Não resiste à novidade de mais uma babada. Começa a mexer-se e como não chega com os pés ao chão vai tentando deslizar as pernas e apoiando-se nas dos avós.  Com o ar mais heroico e destemido alcança o solo e vem ter comigo. Lança-me um sorriso e chama por mim da forma mais harmoniosa e dengosa que o meu coração já ouviu:  nêêêêêêêsssshhh....(a minha alma estremece e tudo de bom vem ao de cima... há mais um momento da mais pura ternura que se cola à memória)
Dá-me a mão -e o mundo muda de cor- como quem quer agradar na sua inocência mostra-me as suas riquezas: aponta para os brinquedos e agarra-se ao triciclo que lhe ofereci há vários meses. Ainda hoje não chega aos pedais mas adora empurrar o que julga ser a sua mota - chama-lhe popota.
É incrivel como tudo muda quando o sobrinho é nosso. Nunca fui particularmente sensível aos bebés dos outros. Nunca fui a correr para perguntar às mamãs, que passeavam orgulhosamente os seus rebentos, como se chamavam ou quantos meses tinham. Se algum, por acaso, se parasse na esquina da minha mesa de restaurante olhava apenas e a vida continuava. Quando os putos eram ranhosos era incapaz de dizer como a maioria das raparigas: "Ai, é tão querido". 
Mas este, a que chamo sobrinho, é mais que o mundo para mim, é o puto da minha vida, o único homenzinho de palmo e meio capaz de me fazer tremer e sentir um amor quase esquizofrénico. 
Parece que pegar-lhe ao colo no primeiro dia de vida prendeu-me para sempre. Foi como se arrancasse uma parte do meu coração e não a devolvesse. Está lá com ele eternamente.
Vê-lo torna o meu mundo mais perfeito. Um sorriso seu basta para saber que vale a pena viver para amar desta forma demasiado inexplicável e pura. 
 




terça-feira, julho 20, 2004

Vai onde te leva o coração

"O que realmente conta é a intuição. O espírito intuitivo é uma dádiva sagrada e o espírito racional o seu servo fiel. O que nós criámos foi uma sociedade que venera o servo e se esqueceu da dádiva"
 
Albert Einstein
 
E de repente, esta semana, tenho como tema a inteligência emocional e, no meio da pesquisa, dei de caras com esta frase sábia de Einstein. E agora, que acabo o texto, lembro-me da última frase de um livro da Susanna Tamaro, que li há quase 10 anos, e que por algum motivo a memorizei. Achei que tinha tudo a ver com as conclusões científicas que vou dar a conhecer, no entanto, não podia publicá-la no texto da revista. Como não a esqueci fica aqui...provavelmente vocês amigas também a recordam...    
 
"E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera.Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te, e vai onde ele te levar"
in Vai Aonde Te Leva o Coração 
 
É tão simples e verdadeiro, quase impossível!
 

sábado, julho 17, 2004

O mundo entre 4 paredes

Apagam-se as luzes e tu não vens
Sabes onde estou e pintas quem não sou
matas-me a cada dia
sufocas-me na solidão
afastas-te do sonho
e as lágrimas voltam a cair
 
Tenho medo e tu não estás
Já não te ouço, não te vejo e não te sinto
a memória começa a perde-se
e agarro-me ao pouco que sobra do sonho
 
volto a errar
tu sabes que sim
morro em cada passo em falso
mas fogem-me os pés para o abismo
Não eras tu, outra vez!
 
 

sexta-feira, julho 16, 2004

Blog X files

Socorro, o meu blog está assombrado!
Eu não acredito em bruxas mas que "elas há, há-as"...O meu blog esta semana tem andado a sofrer estranhas mutações. Eu não toco em nada e cada vez que cá entro tenho uma surpresa. Ora desaparecem os comentários, ora mudam as configurações, ora tenho um tipo de letra diferente sem escolher nenhum comando. Começo a suspeitar que eles "andem aí" para censurar o meu refúgio!!!



O mundo a girar ao contrário

Nada corre como devia. A minha vida pode estar prestes a dar uma volta de 180 graus mas até saber,  se dá ou não dá,  o desespero e o pessimismo invadem-me da forma mais brusca.  Se essa porta se fechar não sei se terei coragem de bater a outra ou se haverá alguma onde queira bater nos próximos tempos. Uma semana serviu para me tirar as forças... para esmagar sonhos... Outro dia alguém que não me conhecia  elogiou a determinação do meu discurso. Convenci alguém mas  não me convenci a mim : (
Só espero que até lá  os dias se evaporem, as horas voem e os minutos se apaguem...
"is the final countdown... of hope"



quinta-feira, julho 15, 2004

Para sempre

Há sentimentos que duram para sempre e tantas vezes em vão. Quantas vezes quis ter uma máquina do tempo? Uma borracha mágica que apagasse memórias? Um botão on-off para acabar com todos os pensamentos negativos? Mas desta vez sei que não me enganei. A amizade pode estar disfarçada de muitas maneiras, quase oculta, mas está lá onde a construiste. Aquele espaço é teu. Não há ninguém tão igual que o possa sequer cobiçar. 
Na realidade a amizade nunca deixou de existir, passou por momentos em que esteve encoberta de sentimentos mesquinhos e dor, muita dor. Mas sabes, mais do que os amores ou paixões esta relação foi demasiado importante para a deixarmos morrer. Espero que saibas que te continuo a adorar mesmo com a distância que impusemos... e transpomos em vipes de saudades!



quarta-feira, julho 14, 2004

Insegurança

...é o pior de todos os males. A determinação move mundos a insegurança faz tremer o mais firme bloco de cimento. Treme por dentro mas quem passa ali, todos os dias, começa a pôr em dúvida se é de cimento ou plasticina cinzenta.
Aquela célebre frase de um anúncio (de mulheres, claro, só podia) que dizia "Se eu não gostar de mim, quem gostará?" é genial. É simples mas difícil de alcançar para quem hesita nos momentos mais errados. A capa da insegurança pode ser tão inquebrável que se confunde, frequentemente, com arrogância e mau-feitio. O que também não ajuda nada. É demasiado óbvio que se alguém é inseguro e o tomam por arrogante a coisa só piora.
Um inseguro a tentar explicar-se a si próprio dava um filme do Woody Allen. É tragicamente cómico, inacessível e sem sentido mas demasiado extraordinário. A um inseguro pode-se dizer tudo porque só vai acreditar na parte má, só vai perceber se lhe falarmos em pessimismo e pintarmos de negro e cinzento todos os quadros.
Burrros, inteligentes, génios...feios, bonitos, lindos...toca a todos! Mas parece afectar mais os bons que os maus, é estranho.
Faz-me lembrar aquela parte do poema Tabacaria de Álvaro de Campos que diz:
Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.

segunda-feira, julho 12, 2004

Chamada sem destino

Do outro lado do telefone não sabes nada. Não lês pensamentos, não entendes tristezas, não acreditas nas verdades em tons de brincadeira que subliminarmente vão passando. Fala-se de tudo menos do que verdadeiramente gostava de saber, ou talvez não. Se soubesse se calhar já não ouvia mais.
A impaciência transforma-se em ironia e deita-se tudo a perder, se ninguém souber ler nas entrelinhas.
 
Fazes-me lembrar alguém, alguém que o tempo endeusou e tu recordas.  Mexes, sem autorização, no passado.
Queres saber tudo e não revelas nada. Brincas mas pensas. Sem querer cais na tua armadilha. Ou sem querer me envolves.



sexta-feira, julho 09, 2004

A lixeira

Hoje finalmente tive que ir ao aterro do Seixal, em trabalho. Foi um dos piores momentos da minha curta carreira. É completamente indescritível o cheiro insuportável que aquilo tem. De qualquer maneira se alguém quiser ter uma ideia aproximada é preciso multiplicar por 100 mil a sensação perfumada de quando passamos por um daqueles contentores verdes da rua ou quando o camião do lixo se atravessa no nosso caminho. Depois, basta acrescentar o odor simpático que sai dos montes de lamas dos esgotos da ETAR (um acumular dos nossos excrementos e etc) para ter uma pequena noção. O mais grave é que aquilo vai tudo para baixo de terra (para contaminar lençois de água, por exemplo) e plantam ervinhas por cima como se nada fosse. Tudo o que está naquele local não é reciclado e são simplesmente milhares de toneladas....
Mais grave:
-Há pessoas que trabalham ali e se recusam a utilizar máscaras porque fazem calor!!!!!
-A responsável pela comunicação disse-me que agora se tem feito lá imensas visitas de estudo de escolas primárias (Please, venha o Cristo Rei e a Torre de Belém!)
-O falcoeiro que fui entrevistar passa lá os dias, de sol a sol, e quando não há aves para afugentar fica parado a pintar (será que há imaginação que resista no meio de tanta m...?)Pior: quando lhe perguntei se gostava do seu trabalho, respondeu: "Se não gostasse não estava aqui".
Eu, jurei para nunca mais...senti-me nauseabunda e só lá estive uma hora e pouco. Há profissões que nunca escolheria. Como é que é possível querer trabalhar ali?

quarta-feira, julho 07, 2004

Bué, bué longe

O reino da princesa e do príncipe encantado chamava-se bué, bué longe... São contos de fadas, ensinam-nos o "era uma vez" e o "viveram felizes para sempre" mas parece que fica sempre no mesmo reino- bué, bué longe. Acho que o meu optimismo, às vezes, também emigra para lá!!:) Shrek volta, estás perdoado!

Morto-vivo

As minhas amigas dizem-me que estás morto e enterrado...mas se de facto estás, deves ter ido para o céu no meu coração porque ainda me cruzo contigo em tantos sonhos e pensamentos...demasiados...
Talvez estejas agarrado àquela parte da memória traiçoeira e odiosa...
Não sei se te amo demais ou se te odeio por não estares aqui de forma palpável.

terça-feira, julho 06, 2004

O sonho de qualquer mulher!

Esta semana tem sido em grande. Quis o destino que o meu editor me pedisse para escrever um artigo sobre controlo de pragas. O que é que alguém pode querer mais? À custa deste trabalho já visitei um armazém de produtos alimentares cheio de ratos, baratas e gorgulhos (seja lá o que isso for), um recinto de festas coberto de insectos mas o melhor está para vir. Amanhã vou à procura de piiiquenos microtos-outra espécie de roedores -nos jardins da expo. E como se não bastasse quinta vou para uma lixeira do Seixal ver um falcão a caçar mais bichinhos simpáticos. Ainda me prometeram que me vão levar a ver a desinfestação de um esgoto. À parte disso fiquei a saber que há hospitais, restaurantes, centros comerciais, entre outros, cheios de pulgas, percevejos, baratas, àcaros visíveis ao olho humano e espécies que desconhecia. A vida ganha outros tons quando se tem oportunidade de conhecer realidades tão atraentes! E de repente há dias em que tenho saudades do jornalismo cor-de-rosa!:) Obrigada querido editor!

Um café qualquer

A noite foi longa demais, dormi poucas horas e o sono teimava em não me abandonar. Tinha uma entrevista marcada às 10 da manhã, em Telheiras. Saí com a antecedência necessária de quem se costuma perder pelas ruas tormentosas de uma cidade desorientada. Cheguei 15 minutos antes da hora. O local estava identificado, era o momento de procurar um café para acordar o tico e o teco. Duas portas à frente do sítio combinado- o alvo. Entrei. Não tinha janelas, só 2 portas, uma de cada lado do rectângulo. Alguém se lembra de abrir um espaço comercial sem janelas? As mesas desanimadas com lugar para 4 ou 6 pessoas tinham 1 em cada ponta. Ao passar a porta senti vários olhos. Não estavam a reparar em mim mas parecia uma cantina em que todos estão obrigatoriamente virados para o mesmo lado a mastigar compulsivamente. Agarrados aos bolos e sanduíches, sem fazerem intervalo para respirar, como quem costuma comer sozinho. Manjedoura talvez. Tudo num silêncio sombrio pouco característico dos cafés. E uma corrente de ar incómoda marcada pelas duas entradas. Era desagradável. Não cheirava a comida mas talvez fosse preferível o cheiro para dar um ar mais característico ao espaço.
Do outro lado o empregado dirige-me um bom dia com o ar mais desconsolado do mundo. Eu que dormia em pé tinha de certeza um ar bem mais activo. Por trás da sua cabeça uma placa: "Fazemos comidas para festas" com uns palhacitos e balões a saltarem da folha de papel mal impressa. Com aquela alegria no ambiente duvido que a comida me caísse bem. Lembrei-me de outra aplicação para a expressão : "Os olhos também comem"...
Agarrei no meu café e sentei-me na única mesa disponível. Virei-me ao contrário de toda a gente. Enquanto esperei que o café arrefecesse, fumei dois cigarros e rascunhei estas palavras. Não sei porque decidi escrever sobre aquele café mas quando saí senti-me aliviada. Ali só as moscas se passeavam alegremente!