O nosso telejornal podia ser um filme

Há notícias, que pelos mais variados motivos, nos irritam, revoltam ou dão a volta ao estômago.
Do jornal da tarde ficam dois belissímos exemplares:

1- Há turistas que continuam, todos contentes, cheios de cremes e bronzeadores, a tomarem refasteladamente os seus banhos de sol nas praias de Phuket e a nadarem alegremente. Ao lado, as equipas de ajuda escavam para encontrar eventuais sobreviventes e milhares de mortos nos escombros, milhares de pessoas choram os familiares e tudo o que perderam, outros continuam em estado de choque...o risco de epidemias está agravadíssimo e todos os relatos nos dão conta do cheiro nauseabundo a morte...Que raio de gente é esta? Robots? Marcianos? Onde é que a porra desta escumalha tem o coração e a cabeça?...desculpem mas a minha tolerância não chega para tanto...

2- Este ano há vários feriados à sexta, segunda e às terças e quintas permitindo as agradáveis pontes. O governo, a pedido da associação de empresários, vai poder obrigar as pessoas a gozarem os feriados noutros dias para não atrasarem a retoma económica.
O energúmeo do presidente desta associação justifica-se: Pois é que os países da Ásia estão a fazer-nos muita concorrência e os feriados prejudicam a retoma económica...Pois claro, concerteza sua grande besta, que tal umas feriazinhas debaixo de um tsumani para lhe refrescar o corpo e mente?!
(aconselha-se os mais sensíveis a pararem imediatamente de ler)

Reacção: Eu quero que o governo e os incompetentes dos empresários que metam a retoma pelo cuzinho da forma mais dolorosa possível...e é pena a retoma ser tão pequenina!
Porra!Se em 300 e tal dias não conseguem fazer nada de útil para o país avançar não são nos míseros feriados e pontes que vão mudar a situação. Que tal combaterem a corrupção? Que tal viverem na própria merda que proporcionam à maioria da população. Que venham os srs deputados experimentar viver no desemprego, a matarem-se a trabalhar por 100 contos por mês, ou melhor, com as pensões dos idosos ou com o rendimento mínimo. Ah, e já agora convidem o presidente da associação de empresários, esse homem fantástico a quem estamos tão agradecidos por cuidar da nossa economia, (que está um verdadeiro must, um regalo para os olhos como temos o prazer de contemplar diariamente). Recomenda-se também a as estes dignos sres que recordem a sabedoria da história romana "O povo precisa de pão e circo"! e não é com gente revoltada que a economia vai para a frente. Os números não contém em si todas as respostas... Duhhhhh...manquem-se para a vida real, experimentem-na de vez em quando!