quinta-feira, janeiro 11, 2007

O que quero ser quando for grande

Respondendo ao desafio da Ritabatatafrita...aqui vai...
Quando eu era pequenina (sim porque agora o meu 1,58cm já me dá outro estatuto completamente diferente) a primeira coisa que quis ser (nada original) era médica...isto devia ter para ai uns 5 anos (e considero que foi o momento mais inteligente na minha ponderação de carreira profissional... (devia ter começado logo a estudar para as específicas nessa altura). Quis o destino que a minha inteligência começasse a decrescer logo nesse momento brilhante da minha infância. Por isso, passado pouco tempo o meu sonho tinha mudado radicalmente. Descobri o emprego de sonho por volta dos 8 anos de idade aquando uma visita ao hospital onde os meus pais trabalhavam. Numa viagem até ao segundo andar da dita instituição os meus pais levaram-me de elevador e eu tive uma súbita iluminação (quase divina) ao contemplar o ascensorista. Apressei-me a perguntar ao meu pai se aquele senhor ganhava dinheiro para passar o dia a carregar nos botões do elevador, ao que o meu respondeu que sim e, no meu rosto nasceu de imediato um sorriso triunfal. Tinha descoberto finalmente o que queria ser quando fosse grande. Claro que, qualquer criança a quem digam que uma pessoa pode ganhar a vida carregando nos botões de um elevador fica deslumbrada. Então, durante uns tempos, quis ser ascensorista (pena que em adulta tenha descoberto que reformaram o senhor porque os funcionários, ao que parece, acumularam a função de carregar nos botões, mesmo sem serem aumentados por isso). E ainda dizem que a especialização é que está a dar e que a função pública trabalha pouco.(Que injustiça!)
Mais tarde, por volta dos 12 quis ser locutora. Claro, como adorava ler e conversar e via aquelas senhoras na televisão cuja única função era essa…estava feito, era a escolha certeira (acho que nunca fui muito perspicaz). Mas como também era um bocado nurdezinha desta vida e gostava muito de ir à escola passei ali uma fase de indecisão quanto a ser professora (e essa panca ainda a mantenho, estranhamente. Adorava ensinar embora não me consiga imagiinar uma turma de selvagens…só não sei o quê dada a má escolha de curso quando cheguei aos 17).Um ponto importante é que nunca torturei ninguém como a minha amiga sinha adorinha...
Depois entrei no liceu e, no nono ano, a minha escolha foi economia (mais uma escolha inteligente desperdiçada), uma vez que, rapidamente devo ter batido com a cabeça em algum lugar estranho (ou alguém me rogou uma praga daquelas…) e comecei a delirar. Como tinha uma paixão platónica pelo meu professor de filosofia (um coxo, motoqueiro, hippie louco, barbudo e com uma pitada de Clube dos Poetas Mortos...que também me adorava...até me pôs a escrever no jornal e a declamar poesia) comecei a falar em ingressar em filosofia, psicologia e afins. Os meus pais ainda tentaram chamar-me à sanidade mental mas, nessa altura, é complicado. Para seu desespero, ainda lhes disse também que queria ser actriz de teatro porque estava no grupo de teatro da escola e adorava representar…também queria ser poeta e escritora e passava horas a achar que escrevia grandes romances e poemas que ficariam para a história, fechada no meu quarto a ouvir músicas que pautaram a minha adolescência como Creep…que reflectia quase na perfeição essa insatisfação desgraçada ou melodramática que achava que era a minha vida em dias inspirados…
Como estava farta de morar na terrinha e o meu irmão já tinha ido para a universidade, no 11º ano decidi começar a pensar em vir mais cedo para Lisboa para fazer o ano zero na Católica. Já tinha feito alguns testes psicotécnicos que diziam que eu tinha jeito para quase tudo mas que realçavam sempre a parte de humanidades e de decoração de interiores (esta última nunca percebi, dada a minha incapacidade quase total de visualizar qualquer coisa que seja no espaço sem ela lá estar). Mas como queríamos ter a certeza fui a um grande psicólogo, muito conceituado (amigo dos meus pais mas que devem ter quase passado a detestá-lo depois) que confirmou o meu enorme talento para a minha última paranóia – ser jornalista. O psicólogo basicamente disse que eu, sem dúvida alguma, deveria seguir o ramo de jornalismo, relações públicas ou ensino. Os meus pais antes de se tentarem suicidar ainda tentaram amenizar a coisa dizendo que eu podia fazer economia (como estava programado) e depois ser jornalista. Disseram-me que havia muitos jornalistas que vinham doutras áreas, que tiravam primeiro um curso base (ou seja, de jeito) e depois escreviam para os jornais. Ou seja, mantinham sempre mais umas portas abertas relativamente à carreira. Mas quem é o adolescente inteligente que ouve os pais nesta altura? Eu não fui de certeza. Fiz jornalismo. Mas ainda hoje, aos 28, não me parece que saiba o que quero ser quando for grande. Talvez empresária ou 'acunhada' mas ainda estou a tentar escolher um ramo que eu consiga dominar e ter de facto prazer com isso. Esta função de desempregada é que não está a dar com nada…não sei, dá muito trabalho…:P

2 comentários:

João Tomaz disse...

Na volta, deverias ter sido decoradora de elevadores... de longe o melhor "o que eu quero ser quando for grande" dos blogs amigos...

Rita disse...

ascensorista é o melhor q ja ouvi : O )