sábado, setembro 04, 2004

"Não sei namorar...não sei beijar de língua...:P"

Na terceira classe, no recreio da escola, um miúdo aproximou-se de mim, com toda a lata, e disse-me "gosto de ti. Queres namorar comigo?". Acho que foi a primeira vez (pelo menos desde que me lembro) que alguém me disse algo semelhante.
Era loiro, com uns grandes olhos azuis e um ano mais velho que eu. Além disso era primo de uma grande amiga minha da época, que passava as aulas a desenhar Betty Boops (aquela boneca pirosa e desproporcional que fazia as nossas delícias)- a Tânia. Uma rapariga daquelas que parece uma bonequinha de porcelana com ar angelical e que, da última vez que a vi, há 3 ou 4 anos, ainda tinha a mesma cara...
Naquele momento não sabia o que fazer. Olhei para ele, corei, e fugi. Corri pelo pátio e fui-me esconder ao pé das minhas colegas. Achei-o parvo. O que é que ele queria que eu fizesse? Que o agarrasse e lhe desse um beijo na cara apaixonado como nos desenhos animados que via?
Passado uns tempos pensei gostar dele e mandei-lhe uma carta. Fiz uma coisa que nunca mais voltei a repetir (e ainda bem). Mandei-lhe uma cartita perfumada, num papel pequenino, com umas linhas cor-de-rosa e uma Betty Boop desenhada no canto direito. (Ainda tenho o belo exemplar guardado) Dizia o seguinte: Queres namorar comigo? E por baixo, dois quadradinhos para ele pôr uma cruzinha com um sim e um não. A criança deve ter ficado baralhada com tanta ousadia da minha parte e acrescentou um terceiro quadrado que dizia Não sei. (deve-se ter sentido ameaçado mas a sinceridade foi perfeita)
Passado uma semana foi ele que me mandou uma carta, toda janota, num papel arrancado do caderno. Como não devia muito à originalidade escreveu: Queres namorar comigo? E por baixo dois quadradinhos um para o sim e outro para o não. Como eu também não era muito criativa acrescentei o terceiro espaço a dizer talvez. Depois risquei e pus a cruz no não. Mandei entregar a carta e a nossa história de amor ficou por aqui sem mortos nem feridos, sem dores nem ressentimentos.Acabou onde não começou. (seis ou sete anos depois encontrei-o num bar, era amigo de um amigo meu. Pediu para me conhecer, achei piada, devia ser um chamamento do destino infantil por cumprir. Já não se lembrava de mim. Continuava giro mas já não tinha nada a ver comigo-só uma recordação cómica em comum-ri-me em segredo mas não lhe contei quem era)
Quem me dera que hoje em dia as coisas fossem tão simples.

9 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
bruno e.a. disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
bruno e.a. disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
bruno e.a. disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

mas eu nao sei beijar o que eu faço?