quinta-feira, dezembro 09, 2004

Gato borralheiro e a abóbora

Era uma vez...um gato borralheiro muito trabalhador... vivia para trabalhar demais, dia e noite, do sol nascer ao pôr do sol, os livros eram os seus melhores companheiros. Ao contrário da gata borralheira ele não era mal-tratado por todos, apenas queria ser príncipe e acreditava que essa era a maneira mais mais correcta de lá chegar. Não cedia a tentações e levava a vida regrada de um recluso por livre vontade mas feliz na sua paz própria. Um dia conheceu, inesperadamente, uma abóbora falante que viria a mudar a sua vida, pelo menos um pedacinho muito pequenino dela.
Achou-lhe piada, nunca tinha conhecido uma abóbora daquelas, era diferente das outras, talvez quase divertida, interessante, quem sabe até remotamente atraente. Olhava-a sempre de soslaio, com uma dose de desconfiança típica da espécie, afinal um gato que se preze nunca se deixa prender...
Nunca percebeu bem o que sentia por aquele ser laranjita mas de facto, os momentos em que ficavam sozinhos e conversavam até se perderem alegravam-no de uma forma estranha e davam-lhe umas tonalidades menos cinzentas. Desabafou com ela-um pouco só, porque neste reino tudo tem ouvidos e é bem conhecida a feroz competição animal- e tornaram-se amigos contra todas as expectativas longínquas do gato sem botas. Pelo menos era o que a abóbora pensava...Passavam horas na amena cavaqueira, mas talvez fosse apenas amena...
O gato borralheiro explicava-lhe as coisas do seu mundo e a abóbora partilhava com ele umas pevides que o faziam rir. Até que um dia a abóbora começou a sentir que aqueles momentos eram os melhores do seu dia e que as suas pevides batiam mais forte quando estavam ao pé do gatinho...atordoada e tonta pelos sentimentos a pequena abóbora revelou-se um pouco mais, chegou-se mais perto e deu-lhe um beijo terno. Na verdade as abóboras não são muito conhecidas pela sua inteligência e capacidade de discernimento.
O gato hesitou, sentiu-se enebriado... ficou sem palavras, não sabia o que havia de fazer, era tudo tão novo...até estava a gostar da sensação mas era estranho estar envolvido com uma abóbora, sabia que esse caminho lhe poderia atrapalhar em muito a sua vida organizada e completa onde uma abóbora a mais poderia ocupar muito espaço...Aquilo de certeza que não vinha nos livros dos grandes príncipes.
Pensou. Nesse dia fechou as janelas da sua casa e tratou das lides com uma lágriminha no olho...depois de esfregar os bigodes ansiosamente durante 2 ou 3 dias seguidos decidiu ter uma conversa séria com a abóbora. Vestiu-se de Maquiavel e lá foi ele com o seu terrível sorriso dengoso.
Disse-lhe com um ar complacente que ela era gorda demais para caber na sua vida. Que tinha muita pena de que as suas pevides batessem mais forte quando estava ao pé dele mas que se tinha fartado de ponderar com os seus bigodes e tinha chegado à conclusão que havia coisas mais importantes do que namoriscar abóboras...pediu muitas desculpas e saiu como os gatos...de fininho...perigosos...que deixam o rabinho de fora da porta a indiciar algo... e continuam a olhar com o olhar traiçoeiro e sedutor que só os gatos têm.
A abóbora disfarçou e chorou para dentro da sua casca. Afinal estava enganada. Tinha pensado que aqueles momentos eram tão especiais para os dois mas devia ser tudo fruto da sua imaginação aboboral... hoje tenta não aparecer tanto naquela janela com vista para o borralheiro. Tenta medir o seu sorriso para não ficar tão haloween como dantes, mas as luzes continuam a acender-se com os olhos traiçoeiros do gato.
O gato, esse, mantém-se ocupado e tenta não se distrair. Às vezes no silêncio da noite diz para si "Abóboras há muitas seu palerma", se esta partir outras virão quando tiver mais tempo e for príncipe!
As amigas da abóbora consolam-na dizendo "os gatos são todos iguais, já devias saber... ele é que é parvo, não ligues"..."Há-de haver gatos com muito mais botas por aí e que te merecem muito mais" . Mas a abórora às vezes fica cabisbaixa...aquele borralheiro deu-lhe a volta às pevides e ainda mexe com as suas sopas.
O final não é feliz porque não há histórias de encantar entre gatos borralheiros e abóboras...já deviam saber...
The end

PS- Depois desta história nasceu aquela música "atirei o pau ao gato, to to...mas o gato, to, to não morreu". A d. Chica e a Pulga são das melhores amigas da Abóbora.

1 comentário:

Anónimo disse...

E ha mmo gatos a miarem demais aqui por Lx..Oh se ha! Miau miau miau mas na hora do "vamos la ver" cortam-se, fogem surtam! Mas afinal PASSAM-SE ou quê?? Falta-lhes peito ou é mmo medo! Adiem a vida adiem...olha, pode ser q qq dia acordem e se vejam ao espelho e tlvz aí n gostem mmo nd do q vêm (mas mmo nd nd)! Dps vai ser giro ficarem a pensar no q podia ter sido com X ou Y, bla bla bla bla. Ainda mais giro vai ser qdo tiverem essas mesmas memorias vezes sem conta sem poderem fazer nd (sim, pq apesar de animais, eles tb pensam-nós é q achamos q nao!). E é assim q aparece o alzheimer na vidita dos pobres felinos (com sorte , ja mmo na sétima). O pior de tudo é q gatos assim n estao em vias de extinçao, ao contrario: parece q vieram p durar! Cria-se assim 1 nova espécie: os chicken cats (fracos, pobres, burros, fracassados)! kisses, Dê ( e sim,ainda n posso mexer o pézinho por causa da tal operaçao)