sábado, outubro 23, 2004

Onde nasce o preconceito...

Desde que voltei à universidade várias vezes me perguntaram qual o curso que tirei antes. Depois de responder comunicação social a resposta é quase sempre a mesma "pois, era mais fácil...este é mais difícil não é? "A minha resposta é sempre delicada e simpática, uma vez que, não me apetece discutir...se respondesse o que pensava talvez já tivesse mais inimigos! (porque como vocês sabem a tolerância, até um limite bastante razoável, ainda é uma característica que prezo bastante).
Mas aqui vai, o que em nome da tolerância calo, mas penso: Há cerca de um mês e meio que tenho aulas de gestão e como não sou a burra de comunicação social que alguns pensam eu explico: Nem professores nem alunos daquela tão sábia e superior carreira que é a gestão/economia conseguem dizer mais do que duas frases sem dar, pelo menos, um pontapé colossal na gramática. Tenho sebentas, livros, apontamentos e fotocópias de aulas de colegas cheias de erros ortográficos e gramaticais (dignos de risota para alunos da primária) e redundâncias levadas ao limite. Eu, ao menos, admito que a minha matemática é fraca porque a deixei há 10 anos(mesmo assim houve dezenas de geniozinhos que conseguiram ter notas inferiores, sabe-se lá por quê...).
A questão é: eles falam há mais de 16 anos, escrevem há mais 12 ininterruptamente e não conseguem fazê-lo sem assassinar o português. Além disso a maior parte tem dicções tão vergonhosas que ninguém percebe o que tentam ler em voz alta nas aulas. Não lêem livros, a não ser os de estudo (carregados de erros).
A única coisa que se começam a preocupar é trocar alguns relances com as gordas dos jornais (e só porque naquela faculdade) a imprensa é "gratees". E quem são esses burros que estão por trás daquelas letras? Que escrevem aquelas coisas? São a classe, que vocês inundados em preconceitos, menosprezam...
Eu explico. Os economistas e gestores não eram nada se não existissem uns deficientes (como eu e alguns colegas) que quase de borla (comparando com os salários que estes gestores, um dia, vão receber) se matam diariamente para lhes servir a actualidade de bandeja.
E mais: Vocês um dia vão aparecer na televisão e ser o alvo de muitos colegas meus para obter comentários sobre a situação económica do país (que nas mãos de gente preconceituosa vai continuar de mal a pior). Vão gozar com o que lhes perguntarem (como já ouvi fazer naquelas aulas 3 professores)mas nem sequer vão conseguir contar a história de forma perceptível porque têm discursos mal construídos (perdem meia-hora) a expilcar o que se pode dizer em 2 minutos).
A questão é sempre a mesma. Nós, jornalistas, quando não sabemos recorremos aos especialistas. Vocês continuam a dar calinadas grosseiras e a gozar com as dos outros julgando-se os maiores. Mas mesmo assim pelam-se por aparecer nos jornais...e por quê?
Em qualquer país do mundo civilizado há quem perceba que a comunicação social é o quarto poder e, frequentemente, o primeiro. Mas os meus coleguitas e alguns professores ainda estão longe do progresso como está Portugal.
Um dia espero que acordem do mundo da fantasia...e do faz de conta. Até lá gostava de os ver sem televisões, sem telejornais, sem revistas e sem rádios...onde a maioria destes seres desprezíveis- chamados jornalistas- se matam de borla por dar ao mundo ferramentas essenciais para a compreensão do dia-a-dia!
E mais não digo...porque quem sabe, percebe, quem não sabe orgulha-se da sua igno`rância e continua a vestir a capa do preconceito!

3 comentários:

Rita disse...

Gostei de te ver defender a nossa classe com "unhas dentes"!

Anónimo disse...

Embora estando do outro lado da barricada, concordo totalmente contigo!
Realmente não percebo qual é o preconceito da maior parte das pessoas em relação aos jornalistas...

E agora, surpresa... sabes o que eu estive quase para escolher quando me candidatei à faculdade? Comunicação Social... :o)

O Gajo das Explicações

escrevinhadora disse...

Olha não sei se eras capaz...sabes que o curso de comunicação social não é para todos!É mais difícil, sabes! Se calhar é bom que tenhas ficado pelo de economia, se não ainda era eu que te tinha que dar explicações!:P